O que acontece quando um dos clubes mais vitoriosos da história do futebol europeu enfrenta um time formado por professores, estudantes e um goleiro que trabalha dirigindo empilhadeira? A resposta foi vista no gramado do TQL Stadium, em Cincinnati: Bayern de Munique 10, Auckland City 0. A estreia dos bávaros na Copa do Mundo de Clubes não apenas confirmou o favoritismo, como escancarou o fosso competitivo do torneio.
O massacre começou cedo. Aos cinco minutos, Coman abriu o placar de cabeça e iniciou um bombardeio que resultou em seis gols ainda no primeiro tempo. A superioridade alemã era visível em todos os setores do campo: tática, técnica, preparo físico e profundidade de elenco. Olise, Boey e Thomas Müller (que chegou à marca de 250 gols pelo clube) também deixaram suas marcas antes do intervalo. O Auckland, por sua vez, mal ultrapassou o meio-campo.
Na volta do segundo tempo, o Bayern reduziu o ritmo, até que o jovem Musiala, vindo do banco, resolveu fazer história. Com um hat-trick impecável, ampliou ainda mais a goleada e confirmou o placar mais elástico da história do Mundial de Clubes — considerando inclusive os tempos da antiga Copa Intercontinental.
A desproporção entre os clubes não é apenas técnica. Enquanto o Bayern desembarcou com uma delegação milionária e estrutura de ponta, o Auckland trouxe jogadores que conciliam treinos com empregos comuns. O goleiro Tracey, por exemplo, dirige empilhadeiras em um depósito na Nova Zelândia. Diante de um ataque de elite europeia, não há milagre que dure 90 minutos.
A vitória coloca o Bayern com vantagem no saldo de gols no Grupo C, que ainda conta com Benfica e Boca Juniors — adversários mais próximos em nível técnico. O Auckland, por outro lado, enfrentará o risco de nova goleada na próxima rodada.
O placar elástico abre espaço para um debate sobre o modelo da nova Copa do Mundo de Clubes e seus critérios de inclusão. Afinal, o espetáculo esportivo também exige equilíbrio mínimo para que a emoção sobreviva entre os extremos.