No alto rendimento, onde os detalhes influenciam o desempenho, a recuperação física se tornou tão importante quanto os treinos. Nesse contexto, o canabidiol (CBD), composto da cannabis medicinal, vem conquistando espaço entre atletas como alternativa para aliviar dores, reduzir inflamações e acelerar o processo de regeneração muscular.
A guinada começou em 2018, quando a Agência Mundial Antidopagem (WADA) retirou o CBD da lista de substâncias proibidas. Desde então, cresceu o interesse por uma solução menos agressiva do que o uso contínuo de anti-inflamatórios tradicionais, conhecidos por seus efeitos colaterais a longo prazo.
O que dizem as pesquisas
No Brasil, uma revisão publicada em 2024 na Revista Sociedade Científica analisou o impacto do CBD em atletas de trail running. O estudo identificou redução da fadiga, melhora no alívio das dores pós-exercício e indícios positivos na recuperação. Ainda que parâmetros como ganho de força ou volume muscular apresentem resultados inconsistentes, os dados reforçam o potencial do canabidiol como recurso esportivo.
Pesquisas internacionais apontam que o CBD atua sobre o sistema endocanabinoide, regulando processos de dor, sono, humor e inflamação. O efeito é protetivo para fibras musculares e favorece noites de sono reparadoras, fatores decisivos para treinar com regularidade e reduzir riscos de lesão, afirma o médico Felipe Tomé do Nascimento, parceiro da Click Cannabis.
“O canabidiol tem se mostrado uma alternativa interessante para esportistas que enfrentam dores recorrentes e precisam de recuperação eficiente”
Apesar da popularização, especialistas reforçam que é preciso atenção à qualidade e pureza dos produtos. O CBD é permitido, mas o THC — principal componente psicoativo da cannabis — continua proibido em competições. Produtos sem certificação podem gerar positivo em exames antidoping e comprometer carreiras.
No Brasil, o uso da cannabis medicinal depende de prescrição médica e autorização da Anvisa, em processo realizado de forma digital.
WADA retirou o canabidiol da lista de substâncias proibidas em 2018 (Foto: Divulgação | Click Cannabis)
Mercado em expansão
A healthtech brasileira Click Cannabis, por exemplo, já atendeu mais de 30 mil pacientes desde 2023, e defende o uso responsável e baseado em ciência. O setor movimentou R$ 853 milhões em 2024 e deve ultrapassar R$ 1 bilhão em 2025, consolidando-se como um dos novos pilares da saúde esportiva e do bem-estar no país.
O crescimento do CBD no esporte revela um ponto de virada cultural: a cannabis medicinal começa a se firmar como ferramenta científica de alto rendimento, com potencial para transformar tanto o cuidado com atletas de elite quanto o de praticantes amadores.