Apesar de compartilharem o prestígio e o selo da FIFA, a Copa do Mundo de Clubes e a (recém-expandida) Copa do Mundo de Seleções operam em lógicas distintas — ainda que partam do mesmo objetivo: reunir os melhores do planeta em uma disputa de alto nível técnico, com alcance global.
De um lado, a tradicional Copa entre Seleções, no formato com 32 participantes usado entre 1998 e 2022, promovia uma distribuição territorial equilibrada. As vagas eram pré-definidas por continente, com destaque para a UEFA (Europa), que dispunha de 13 vagas diretas, e a CAF (África), com cinco. Repescagens intercontinentais ajudavam a decidir vagas extras — um duelo de vida ou morte em jogos de ida e volta, o que garantia emoção até o fim do ciclo.
Do outro lado, a nova Copa do Mundo de Clubes, que estreia em 2025 com 32 equipes, adota um modelo híbrido: metade das vagas vai para campeões recentes dos principais torneios continentais e a outra metade, para clubes com melhor desempenho em rankings quadrienais, baseados em resultados e coeficientes acumulados nas ligas de elite.
Na prática, o formato privilegia os centros mais fortes: a Europa ocupa 12 das 32 vagas — oito delas apenas pelo ranking da UEFA. A América do Sul, segunda força histórica do futebol, terá seis representantes, sendo quatro campeões da Libertadores e dois via ranking da Conmebol. Já continentes como África, Ásia e Oceania aparecem com quatro clubes cada, equilibrando as vagas entre títulos recentes e desempenho acumulado.
Outro ponto sensível está no perfil dos competidores. Nas seleções, todos os países — pequenos ou grandes — partem, teoricamente, do mesmo ponto: disputar as eliminatórias. Nos clubes, o poderio financeiro e a estrutura das grandes ligas fazem diferença desde o início, influenciando não só quem se classifica, mas também quem consegue manter o rendimento ao longo de quatro anos.
A presença do país-sede, comum nas Copas de Seleções, também aparece nos clubes: o Inter Miami, dos EUA, garantiu vaga por ter vencido a MLS em 2024. É um paralelo que ajuda a reforçar o apelo local do torneio e impulsionar a audiência.
Resta saber se, com o tempo, o Mundial de Clubes conquistará o carisma que faz da Copa do Mundo de Seleções o maior espetáculo do esporte.