A entrega da Arena Argolão, em Pernambués, reacende uma discussão central para Salvador: qual o papel do esporte na vida das comunidades mais populosas e vulneráveis da cidade? A antiga área de barro, marcada por alagamentos e improviso, deu lugar a um espaço estruturado com grama sintética, iluminação em LED e uma quadra de futevôlei instalada ao lado do campo.
A prefeitura aponta que este é o 87º campo de grama sintética entregue na capital, em meio a uma estratégia de concentrar investimentos em regiões de maior densidade e menor oferta de equipamentos públicos. Em Pernambués, que reúne cerca de 52 mil habitantes, são agora cinco campos implantados nos últimos anos.
A narrativa institucional aposta na ideia de que estruturas como essa ajudam a afastar jovens da criminalidade e aproximam o esporte de quem sonha com uma carreira profissional. Mas, na prática, o impacto real emerge das experiências de quem viu o campo mudar com o tempo.
O aposentado José Ribeiro, morador da Rua Diógenes Alves, resume bem essa transformação: antes, o chão de barro encharcado e a ausência de alambrado dificultavam qualquer atividade. Agora, o local se tornou ponto de encontro e convivência. Um espaço capaz de sustentar vínculos, estimular a prática esportiva cotidiana e fortalecer a relação dos moradores com o próprio bairro.
