Nos campos

Relatório inédito expõe gargalos e oportunidades do futebol feminino no Brasil

Estudo da Outfield e das Dibradoras revela dados sobre gestão, mercado e o futuro da modalidade

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O futebol feminino brasileiro vive um momento de crescimento visível — arquibancadas cheias, destaque internacional das atletas, expansão de competições e interesse crescente do público. Mas, como revela o Relatório Futebol Feminino 2025, lançado pela Outfield em parceria com as Dibradoras, esse avanço ainda convive com falhas estruturais que travam o potencial da modalidade.

Pela primeira vez, um único documento reúne dados sobre gestão, mercado, base, infraestrutura, receitas e governança dos clubes da elite. A intenção não é apenas “fotografar” o cenário, mas oferecer um mapa de direção para que decisões futuras não dependam mais de achismos — um problema que marcou a história do futebol feminino por décadas.

O estudo confronta mitos que insistem em sobreviver, como a ideia de que “ninguém se interessa” pela modalidade. Segundo a Outfield, quando há calendário, organização e clareza no produto, o público responde. A pesquisa consolida evidências que apontam crescimento consistente, dentro e fora de campo, e dá lastro para que clubes, federações e investidores atuem com mais profissionalismo.

Um dos diagnósticos mais contundentes envolve a baixa autonomia institucional. Em muitos clubes, os departamentos femininos seguem dependentes das estruturas do masculino, com pouca margem para decisões estratégicas, equipes reduzidas e orçamentos pouco transparentes. Essa falta de segregação de receitas impede uma leitura real do valor gerado pela modalidade — e mantém viva a narrativa equivocada de que o futebol feminino não entrega retorno.

Outro ponto sensível é a formação. O relatório revela como o estado de origem das meninas influencia caminhos, barreiras e oportunidades. A desigualdade territorial se reflete diretamente no acesso à base, ainda marcada por poucos polos estruturados.

O estudo também projeta tendências para 2025–2027, período que será decisivo. Com o Brasil prestes a sediar a Copa do Mundo Feminina de 2027, a janela para ajustes é curta. O relatório defende que clubes, marcas, federações e mídia precisam agir em conjunto para preparar o ecossistema para um salto competitivo.

O apoio de Guaraná Antarctica, reconhecido pelo público como uma das marcas mais lembradas quando o tema é futebol feminino, aparece como peça estratégica: não apenas pela presença histórica, mas por tentar puxar outras empresas para dentro dessa construção coletiva. A intenção, reforçada pelo estudo nacional de consumo, é ampliar investimentos e acelerar a profissionalização da modalidade.

O documento inaugura uma série de análises periódicas que seguirão até 2027, aprofundando temas como matchday, receitas comerciais, formação e comportamento de consumo. A ambição é clara: transformar o futebol feminino em um ambiente onde decisões sejam orientadas por dados, e não por percepções distorcidas.

Como define a Outfield, o relatório não é um desfecho, mas um ponto de partida. Ele escancara gargalos, organiza informações e chama o ecossistema à responsabilidade. Se o futebol feminino vive um de seus momentos mais vibrantes, o desafio agora é transformar esse entusiasmo em estrutura, governança e futuro.

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