O carioca Hugo Calderano alcançou neste domingo (20) um feito que transcende o esporte brasileiro: tornou-se campeão da Copa do Mundo de Tênis de Mesa, em Macau, após vencer o chinês Lin Shidong, atual número 1 do mundo, por 4 sets a 1. Com o triunfo, o brasileiro crava seu nome na história como o primeiro atleta das Américas a conquistar uma medalha no torneio, desde a sua criação, em 1980.
Foto: Divulgação / ITTFWorld
Mas não foi uma caminhada qualquer. A campanha de Calderano foi um verdadeiro tour de força contra a elite do tênis de mesa mundial. Nas quartas de final, eliminou o japonês Tomokazu Harimoto (nº 3 do ranking). Na semifinal, virou um jogo épico contra o chinês Wang Chuqin (nº 2), mesmo após estar perdendo por 3 a 1. E na decisão, impôs sua autoridade diante do líder do ranking, com parciais de 6/11, 11/7, 11/9, 11/4 e 11/5.
Uma vitória construída com técnica, estratégia e nervos de aço. Na final, o brasileiro começou atrás, sofrendo com o ritmo agressivo de Shidong. Mas, a partir do segundo set, passou a variar saques, encaixar contra-ataques milimétricos e controlar os pontos com uma frieza cirúrgica. No terceiro set, virou no detalhe — até a famosa “casquinha” da mesa ajudou — e, a partir dali, não olhou mais para trás.
A superioridade foi evidente: domínio absoluto no quarto set e leitura perfeita do jogo no quinto, com direito a tempo técnico pedido na hora certa para esfriar a reação do adversário e fechar com autoridade.
Em um esporte tradicionalmente monopolizado por asiáticos, principalmente chineses, a conquista de Calderano rompe um paradigma. Seu título é também uma resposta simbólica à hierarquia do tênis de mesa, mostrando que é possível desafiar hegemonias com método, preparação e coragem.
Aos 28 anos, o brasileiro já tinha no currículo participações olímpicas, títulos em circuitos internacionais e lugar cativo entre os melhores do planeta. Mas a Copa do Mundo é a cereja no topo de uma carreira construída longe dos holofotes tradicionais, com consistência e ambição.