A Cinemateca Brasileira lançou um projeto ambicioso para preservar e digitalizar o icônico acervo do Canal 100, um marco na história audiovisual do Brasil. Criado pelo cineasta Carlos Niemeyer, o cinejornal revolucionou a cobertura esportiva e cultural entre 1959 e 1986, capturando não apenas o brilho dos gramados, mas também a vida social e política do país.
Composto por mais de 21 mil segmentos de notícias em 8 mil latas de filmes e documentos textuais, o acervo guarda registros históricos que vão além do futebol, abordando temas como o golpe de 1964, a Guerra Fria e as lutas pela redemocratização. Apesar de sua riqueza, grande parte do material enfrenta sinais de deterioração, destacando a urgência da iniciativa.
O projeto já captou 40% dos R$ 22,7 milhões necessários para sua execução, com apoio de instituições como o Instituto Cultural Vale, Shell e Itaú. As metas incluem a duplicação fotoquímica dos filmes, digitalização de 30 horas de conteúdo e modernização do parque tecnológico da Cinemateca. Até 2026, quando o Canal 100 completará 40 anos de sua última edição, a previsão é de uma grande mostra itinerante com trechos icônicos dos cinejornais.
Para a diretora da Cinemateca, Maria Dora Mourão, o projeto é uma oportunidade única de devolver à sociedade um pedaço significativo da memória nacional: “O Canal 100 faz parte da memória afetiva de cinéfilos e amantes do futebol. Resgatá-lo é manter vivo o legado da nossa história.”
Além de preservar o acervo, a iniciativa reforça o papel da Cinemateca como guardiã da cultura audiovisual brasileira, enfrentando desafios técnicos e financeiros para garantir que essas imagens icônicas continuem a inspirar futuras gerações.