Jorge Wagner Góes Conceição (Feira de Santana, 17 de novembro de 1978): De Feira de Santana para o mundo, ao firmar-se como titular no Bahia, em 2000, Jorge Wagner surgiu no cenário nacional com seu futebol clássico aliado à uma perna esquerda afiada. Com passagens por vários clubes dentro e fora do Brasil, tornou-se Multicampeão, destacando-se o Bi-Brasileiro pelo São Paulo (2007/08) e a Libertadores pelo Inter (2006).
Gol 1000 de Pelé (19/11/1969): No dia da Bandeira, há 55 anos do milésimo, era marcado de pênalti, no Maracanã (Rio de Janeiro), o milésimo gol do Rei do Futebol. Aos 33 do 2° Tempo, Pelé sofre penalidade máxima e as 80 mil pessoas, presentes ao estádio gritam, em uníssono, seu nome. Anos mais tarde, Ele escreveria em sua autobiografia que “O pênalti era a maneira mais covarde de se marcar”, mas era o que tinha para aquele dia e não poderia fugir à responsabilidade. Portanto, às 23:23, bateu no canto esquerdo de Andrada, goleiro do Vasco, que até acertou o canto, mas não poderia fazer. Tinha que ser daquela forma, pois com a bola parada na marca da cal, todos poderiam parar e olhar, sem piscar, sendo testemunhas oculares da História.
Ronaldo Soares Giovanelli (São Paulo, 20 de novembro de 1967): Entre base e profissional, Ronaldo atuou pelo Corinthians por quase 20 anos, sendo o segundo goleiro que mais vezes vestiu a camisa do Timão e o quarto jogador que mais jogou pelo clube (602 jogos) onde foi Campeão Paulista, Brasileiro e da Copa do Brasil. Rodou por várias equipes do Brasil sendo convocado para a Seleção Brasileira que disputou a Copa América de 1991. A música é outra de suas paixões chegando a gravar alguns discos e, hoje, é Comentarista do Grupo Bandeirantes.
Ricardo Rogério de Brito (Lavras-MG, 22 de novembro de 1961): Alemão começou a carreira no Fabril-MG, mas foi no Botafogo que se destacou, sendo convocado para a Seleção Brasileira, partindo para o futebol europeu, fazendo história no Napoli, ao lado de Maradona e Careca, ao vencer o Campeonato Italiano e a Copa da UEFA. Com a camisa Canarinho, disputou os Mundiais de 1986 e 1990, além de ganhar a Copa América 1989
Valdir Joaquim de Moraes (Porto Alegre, 23 de novembro de 1931 — Porto Alegre, 11 de janeiro de 2020): Considerado um dos melhores goleiros da história do Palmeiras, Valdir Joaquim de Moraes vestiu por 482 vezes a camisa do clube. Com seu 1,70m seria considerado baixo para os goleiros da atualidade, mas compensava com reflexo e agilidade. Foi o pioneiro no Brasil na função de Treinador de Goleiros fazendo escola para a chegada de novos profissionais.
Poucas coisas me movem tanto quanto o universo dos videogames e o futebol. Cresci jogando consoles desde o Master System e o Mega Drive, e sigo hoje com os olhos atentos nos lançamentos para PlayStation, Xbox e PC — especialmente os títulos esportivos. Ao mesmo tempo, venho colecionando camisas de futebol há anos. E não são só peças de pano: são histórias estampadas, memórias de épocas, jogadores, campanhas — e, às vezes, até de games.
Sim, você leu certo. O mundo dos jogos eletrônicos invadiu o gramado — ou melhor, a camisa dos jogadores. A relação entre futebol e videogames vai muito além das franquias tradicionais como FIFA, PES(hoje eFootball) ou Football Manager. Desde meados dos anos 1990, empresas de games encontraram nos uniformes dos clubes uma vitrine poderosa para atingir um público tão apaixonado quanto exigente: os fanáticos por futebol. E como colecionador, ver uma camisa com o logo de um game ou de uma produtora me faz brilhar os olhos. É como se duas partes da minha história estivessem ali, costuradas juntas.
Japão: onde tudo começou
Não por acaso, muitos dos primeiros clubes a estamparem marcas de games em suas camisas eram japoneses — afinal, o Japão é berço de gigantes da indústria. O Cerezo Osaka, por exemplo, teve a Capcom como patrocinadora entre 1994 e 1996, numa época em que Street Fighterreinava nos fliperamas e nos consoles. O JEF United foi outro que embarcou na onda, com a Sega entre 1992 e 1996. Já o Kyoto Sanga teve a honra de vestir o nome da Nintendo, um dos maiores ícones da cultura gamer.
Europa: onde os gigantes jogam — e estampam games
Lembro perfeitamente da camisa da Fiorentina nos anos 1990 com o logo da Nintendo. Gabriel Batistuta fazendo gols com aquele escudo no peito era o sonho de qualquer fã de Super Mario e futebol. O Sevilla também entrou nessa — e com ninguém menos que Diego Maradona vestindo o uniforme com o nome da Nintendo em 1992. A camisa pode não ter rendido títulos, mas com certeza virou item de colecionador.
Outros clubes também entraram para essa história:
Juventus, com o logo da Sony entre 1995 e 1998, incluindo o título da Champions League de 1995/96.
Atlético de Madrid, patrocinado pela Bandai, produtora de jogos icônicos como Dragon Ball e One Piece, na temporada 1996/97.
Manchester City, com o selo da Eidos, criadora de Tomb Raider, no fim dos anos 1990.
E como esquecer dos tempos em que Arsenal estampava “Dreamcast” nas camisas de Henry e Bergkamp? Um crossover perfeito entre o futebol de alto nível e a era dos consoles de nova geração da Sega.
Estados Unidos e o caso Sounders-Xbox
Do outro lado do mundo, o Seattle Sounders, da MLS, viveu uma relação ainda mais intensa com os games. Com sede na mesma cidade da Microsoft, o clube usou por anos o logo do Xbox, do Game Pass e até de franquias como Halo nas camisas. Para mim, essa foi uma das parcerias mais bem casadas em identidade visual e proposta de marca.
Esses patrocínios revelam uma afinidade entre dois universos que compartilham uma base de fãs muito parecida. Quem gosta de futebol, muitas vezes também ama videogames. E ver essas paixões unidas em uma camisa é como ver um golaço de trivela no último minuto — arrepiante. Na minha coleção, essas camisas ocupam um lugar especial. Não apenas porque são raras ou bonitas, mas porque carregam a interseção de tudo que me move: o jogo da vida, seja no campo ou no console.
E enquanto novos acordos surgem — como EA Sports aparecendo nos uniformes de times de base ou times inclusivos patrocinados por gigantes dos games — sigo atento, joystick em uma mão, camisa na outra, pronto para o próximo crossover.
O universo esportivo tem vivido um grande movimento de transformação nos últimos anos, com a busca por novos formatos que atendam aos anseios de uma audiência cada vez mais exigente e ávida por entretenimento dinâmico. Nesse cenário, dois eventos se destacam: o Showbol e a Kings League Brazil. Embora muito diferentes em sua origem, esses dois formatos têm muito em comum, especialmente quando se trata de criar novas oportunidades para as marcas. Ambos, apesar de suas características distintas, seguem uma linha de inovação que atrai grandes patrocinadores, amplia o engajamento do público e gera novas formas de monetização para o esporte e o entretenimento.
O Showbol foi lançado em 1996, uma proposta inovadora para o futebol tradicional, com o objetivo de atrair uma nova audiência ao criar um formato mais dinâmico, rápido e acessível. O torneio, que já passou por diversas edições, ajustou o futebol para se encaixar melhor nos horários de transmissão ao vivo e nas preferências de uma audiência jovem. As partidas acontecem em um campo reduzido e têm duração de 40 minutos, com regras que aceleram o jogo, como substituições rápidas e a ausência de goleiros em alguns momentos. Essa adaptação, com mais ação e menos pausa, fez com que o Showbol fosse visto como uma “versão compacta” do futebol tradicional, mais adaptada à televisão e ao consumo rápido de conteúdos.
A volta do Showbol, que parecia algo datado, gerou uma surpresa positiva no público e no mercado. O formato, que havia sido visto por muitos como um produto da década de 90, apresentou-se com uma renovada energia, trazendo novas regras, melhor produção e um formato de show mais atrativo. Em sua retomada, surpreendeu ao entregar mais do que se esperava, com alta qualidade de organização e grande envolvimento do público, o que fez com que as marcas voltassem a apostar no torneio.
A Kings League, criada por Gerard Piqué em 2022, chegou ao Brasil com a proposta de reinventar o futebol mais uma vez, mas com uma pegada moderna e globalizada. Desde o seu lançamento, a Kings League chamou a atenção não apenas pelo seu formato inovador, mas também pela presença de personalidades do futebol, influenciadores digitais e celebridades do entretenimento. A competição, que acontece em um formato de liga, conta com regras inusitadas, como a inclusão de “cartões dourados” e “presidentes de clubes” (que são ex-jogadores ou celebridades), além de estar fortemente conectada com as redes sociais e com o conteúdo digital.
A chegada da Kings League ao Brasil gerou grandes expectativas, muito por conta do hype global criado em torno da liga e a participação de figuras como Kaká, Neymar e outros ícones do esporte. A primeira edição brasileira promete ser grandiosa, com transmissões ao vivo, eventos exclusivos e uma forte presença de marcas renomadas. Embora tanto o Showbol quanto a Kings League tenham em comum a ideia de dinamizar o futebol tradicional e atrair um público mais jovem, existem diferenças significativas em relação ao tipo de audiência que cada evento atrai. O Showbol teve originalmente uma proposta mais voltada ao público familiar, sendo um produto mais acessível e com foco na experiência ao vivo e na televisão. Sua audiência sempre foi, em sua maioria, mais diversificada, abrangendo diferentes faixas etárias e gostos.
Por outro lado, a Kings League segue uma linha mais voltada para o público jovem, com uma forte presença nas redes sociais e na cultura pop. A participação de influenciadores e o apelo às plataformas digitais indicam que o foco está em uma geração mais conectada e que consome conteúdo de forma ágil. Portanto, as duas ligas podem estar atingindo segmentos distintos, embora ambas compartilhem a mesma vontade de repaginar o futebol e atrair novas audiências. O impacto de ambos os eventos pode ser visto, principalmente, na forma como as marcas têm se engajado com essas competições. O Showbol, desde sua retomada, tem atraído marcas que buscam visibilidade em um evento mais focado na transmissão ao vivo e que ainda possui uma grande capacidade de gerar audiência para os patrocinadores.
Embora as cotas de patrocínio não sejam tão altas quanto as da Kings League, a proposta do Showbol oferece uma exposição ampla, especialmente em canais de televisão. A Kings League, por sua vez, tem criado um enorme movimento em torno do entretenimento esportivo e conseguiu atrair grandes marcas internacionais, como Adidas e Budweiser, além de estar se consolidando como uma plataforma multimodal com forte presença digital. O evento promete muito em termos de visibilidade para os patrocinadores, com transmissões ao vivo pela Twitch e outras plataformas, além de conteúdo exclusivo nas redes sociais. As marcas têm investido cada vez mais nessas competições, pois percebem que elas conseguem atingir um público segmentado e engajado, disposto a consumir conteúdo esportivo de uma forma completamente nova. A combinação entre esporte e entretenimento, ou sportainment, proporciona uma fusão que interessa especialmente aos patrocinadores que buscam visibilidade nas plataformas digitais e no universo dos influenciadores.
Tanto o Showbol quanto a Kings League estão transformando o esporte e criando novas oportunidades para as marcas. O Showbol, com sua história e sua recente reinvenção, mostrou que, mesmo em um formato mais antigo, é possível atrair novas audiências e engajar patrocinadores. Já a Kings League, com sua proposta ousada e globalizada, busca consolidar-se como um fenômeno de entretenimento esportivo, oferecendo um espaço fértil para marcas inovadoras. Se a Kings League vai conseguir entregar tudo o que promete no mercado brasileiro é uma questão ainda a ser respondida. Mas, uma coisa é certa: tanto o Showbol quanto a Kings League têm contribuído para um novo cenário no esporte, onde o entretenimento, a dinâmica das competições e o engajamento digital são fundamentais para o sucesso dos eventos e para a criação de oportunidades para marcas que buscam estar conectadas com um público jovem e conectado. O esporte nunca mais será o mesmo.
* Fernando Paz é administrador e empreendedor, com MBA em Gestão de Entretenimento e Marketing Esportivo pela PUC-Rio. Também é fundador e diretor executivo da SOHO SPORTS & BRANDS.
A recente publicação da lista dos contemplados pela Bolsa Atleta 2025 reacende um debate fundamental sobre o incentivo ao esporte no Brasil. O programa, criado em 2005, tem papel essencial na formação e manutenção de talentos, garantindo uma renda mínima para atletas de alto rendimento e atletas em início de carreira. Em 2025, mais de 8.000 esportistas serão beneficiados, incluindo atletas olímpicos, paralímpicos e de base. No entanto, apesar de sua importância, a política pública ainda enfrenta desafios que comprometem sua eficácia, como critérios de concessão, atrasos nos repasses e valores defasados.
A Bolsa Atleta faz diferença para quem é contemplado, mas os valores pagos ainda não refletem a realidade do esporte de alto rendimento. Com benefícios que variam entre R$ 410,00 e R$ 16.629,00 por mês — reajustados em 2024 após 14 anos sem correção — o programa ajuda a custear despesas como passagens e alimentação, mas não cobre integralmente as necessidades dos atletas, que incluem fisioterapia, preparação psicológica, exames médicos e competições internacionais. Além disso, os frequentes atrasos nos repasses geram insegurança, dificultando planejamentos e comprometendo ciclos de treinamento. A falta de previsibilidade de um programa tão essencial é um problema grave e precisa ser resolvida.
Um ponto positivo que merece destaque é o repasse direto aos esportistas, sem a intermediação de clubes, federações ou confederações. Esse modelo evita que os recursos sejam absorvidos por estruturas administrativas e dá maior autonomia aos atletas na gestão de suas carreiras. No entanto, o programa precisa ser continuamente aprimorado para garantir que cumpra seu propósito da melhor forma possível. Além da regularidade dos pagamentos, critérios mais bem definidos são necessários para que os benefícios sejam direcionados àqueles que realmente necessitam do suporte financeiro para competir em alto nível.
Outro ponto de atenção é a proposta de ampliação da Bolsa Atleta para categorias Master, atualmente em discussão no Congresso Nacional. Embora essa categoria seja importante para incentivar a prática esportiva, sua inclusão no programa pode comprometer sua sustentabilidade e desviar seu foco original, que é apoiar atletas de alto rendimento em atividade competitiva.Incluir atletas Master, fora da fase competitiva de elite, dilui os recursos e enfraquece o objetivo principal do programa. Além disso, essa ampliação pode afetar negativamente a percepção pública e prejudicar a alocação de recursos, que devem ser priorizados para atletas em plena atividade e para o desenvolvimento de novos talentos, enfrentando desafios reais para manter o alto desempenho.
Por fim, o incentivo ao esporte precisa ser tratado como uma política de Estado, com investimentos estratégicos e estabilidade no longo prazo. O Brasil não pode depender apenas de talentos individuais para conquistar medalhas e resultados expressivos, é fundamental construir um sistema esportivo sólido, eficiente e estruturado, que garanta condições reais para que seus atletas alcancem seu máximo potencial.
* João Antonio de Albuquerque e Souza é atleta olímpico, graduado em Direito pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e mestre em Direito e Justiça Social pela UFRGS. Atualmente, é Presidente do Tribunal de Justiça Desportiva Antidopagem (TJD-AD).